20/01/2021

Leituras 2021: Para lá do inverno, Isabel Allende

 Título: Para lá do inverno

Autor: Isabel Allende

Edição/reimpressão: 12-20219

Editor: Porto Editora

Idioma:Português

Páginas: 336

 

SINOPSE

«No meio do inverno, aprendi por fim que havia em mim um verão invencível.», Albert Camus

Isabel Allende parte da célebre frase de Albert Camus para nos apresentar um conjunto de personagens próprios da América contemporânea que se encontram «no mais profundo inverno das suas vidas»: uma mulher chilena, uma jovem imigrante ilegal guatemalteca e um cauteloso professor universitário.

Os três sobrevivem a uma terrível tempestade de neve que se abate sobre Nova Iorque e acabam por perceber que para lá do inverno há espaço para o amor e para o verão invencível que a vida nos oferece quando menos se espera.Um livro a três vozes entre o presente e o passado que nos presenteia com uma história insólita e trágica. Três pessoas com passados diferentes ligados por um acontecimento inesperado e que nos vão revelando a sua vida, as suas histórias, o seu sofrimento e a sua dor.

 

O livro: pequeno, leve e com um capa maravilhosa em tons de sépia e roa, onde podemos distinguir um conjunto de casas cobertas por neve, isto remete ao conteúdo, à história que se passa num dos piores invernos de Brooklyn.

 Temas: ditadura, gangues, tráfico humano, emigrantes ilegais, altruísmo e entreajuda.

Escrita: prosa fluída, cuidada e uma narrativa com algum dramatismo e muito focada nas personagens e nos seus sentimentos.

 

Opinião  

Isabel Allende tem o condão de juntar os destinos das suas personagens de maneira algo peculiar. Conduz-nos pela narrativa de uma forma tão real, que parece que vivenciamos os acontecimentos com as personagens. Este livro tocou-me, mas foi duro pela crueldade, pela forma como algumas pessoas são tratadas como objectos descartáveis, como empecilhos e são eliminados,  como objectos sem valor algum e explorados como mão de obra barata.

 O enredo desenrola-se em torno de um acontecimento, um acidente de automóvel, que coloca Evelyn uma refugiada da Guatemala na vida de Richard um professor universitário, secretamente apaixonado pela chilena Lúcia que tambem nutre sentimentos secretos por ele. Delineado um plano para ajudar Evelyn, vão numa viagem pela pior tempestade dos últimos tempos e, vamos também viajando ao passado e ficamos a conhecer melhor as personagens e o eu sofrimento individual. Foi dificil pois todos eles estão marcados por tragédias individuais, muito pesadas, muito marcantes e que condicionam os sentimentos das personagens.

 Este é um livro que aborda temas controversos, a ditadura, o desaparecimento de pessoas que eram contra ela, a corrupção que leva à destruição, a perseguição ou exploração de inocentes e um tema mais leve, mas tão importante, que nos mostra que nunca é tarde demais para amar, que a vida por vezes traz presentes inesperados e por muito que tenha sido o sofrimento passado devemos sempre deixar a porta entreaberta à espera da felicidade, creio que esta é uma das mensagens mais importantes da história.

 Não foi um livro de fácil leitura porque há muita crueldade exposta mas dá-nos uma mensagem de esperança num futuro melhor, que depois do inverno vem sempre uma primavera e com ela as flores...

 Período de Leitura:  Janeiro 2021




16/01/2021

Leituras 2021: Um amor como nos filmes

 Este foi sem dúvida um livro muito leve e divertido. Muito bom para estes tempos cinzentos de pandemia, pois certamente alegra bastante os nossos dias. A protagonista do livro é hilariante, algo dramática e com uma imaginação fantástica! Este livro de certa forma é um conto de fadas dos tempos modernos, em que a princesa procura o seu  príncipe através de situações clichê românticas que irá reproduzir. Ora aqui está algo que tem tudo para correr... mal!

Evie decidida a chegar a agente literária aposta o tudo ou nada com o escritor que mantém a sua agência num lugar de sucesso, mas numa aposta com o escritor Evie terá que reproduzir situações potencialmente românticas e no  final terá que se apaixonar para que o dito escritor entregue o guião a que se comprometeu. Evie é uma escritora mito boa, a quem uma crítica negativa atirou paravam profissão sem progressão, para um trabalho que não a satisfaz e para uma vida pessoal circunscrita a um pequeno círculo de amigos e acusa mãe. Ela é forte, mas não o sabe, destemida mascando o vê e decidida porque enfrenta todas as situações por mais estranhas e rocambolescas com uma  dignidade e força de espírito incríveis. No fundo com o progredir da história torna-se uma mulher forte e decidida a agarrar o seu destino.

Pelo caminho Evie irá conquistar tudo aquilo que merece, reconhecimento, uma certa vingança e o amor que andava a procurar desde sempre, romântico e arrebatador mas que chega de forma inesperada e dá-lhe o final feliz pelo qual ansiava!

Um livro muito engraçado, com uma história muito original e muito bom para relaxar e dar umas boas gargalhadas!




11/01/2021

Leituras 2021: A Provadora

 Este livro para mim foi uma surpresa, apresentou-se sob a forma de um romance onde possivelmente os acontecimentos descritos foram adaptados à narrativa, as personagens com uma descrição não tão fiel à realidade e para que nos seja apresentada uma bela e perigosa história de amor em tempos de guerra. 

A história é-nos dada a conhecer através do olhar inocente, desprovido de conhecimento da situação da Alemanha de Magda Ritter. Esta no entanto, vai tomando consciência das atrocidades do regime à medida que o romance com o seu capitão se desenvolve. Não hs nenhuma alusão aos judeus, aos campos de exterminio e às crueldades a que Hitler cometeu contra os indignos que não fossem da raça ariana, mas as fotografias e histórias começam a fazer-se ouvir, e “a serpente” começa a invadir o paraíso de Berghof e o círculo de Hitler.

Magda é afortunada, deixa Berlim quando os bombardeamentos dos Aliados se tornam mais frequentes e com ajuda do seu tio que fazendo uso dos seus conhecimentos encontra um trabalh, que se torna, sem saber, uma das 15 provadoras de Hitler tanto em Berghof e no bunker secreto de Hitler. Magda não passa privações, prova comida confeccionada para o seu fuhrer e passa pela guerra com todas as comodidades possíveis nesses tempos. O único risco era comer comida envenenada e esse nunca foi grande... mas ela tinha muito medo e aprendeu a reconhecer alguns venenos, como o cianeto, o mais letal na época.

A escrita é pausada, permite-nos saborear as descrições e até nos causa alguma confusão. Porquê ? Pois não esperamos que certas personagens sejam descritas de determinada forma,  a história retrata-as de forma cruel e no livro vemo-las descritas como sendo detentoras de simpatia e alguma doçura. 

A acção tem altos e baixos, a primeira parte em Berghof retrata uma vida mais idílica, algo romântica de Magda que se apaixona por um capitão, dos passeios, das histórias e convívios. Mas onde também se vai tomando consciência da crueldade que Hitler reserva aos seus adversários, da sua loucura e obsessão (as provadoras, a fixação em comida vegetariana, a constante crítica aos outros...), já a vida no bunker revela a vivência mais perigosa, os jogos subtis e tentativas de tirar Hitler do poder e o papel, ainda que romanceado que Magda irá desempenhar na sua queda.

Este livro é também uma reflexão, mostra-nos que em tempos de guerra é possível encontrar bons e maus elementos tanto do lado alemão como do lado dos Aliados. Que foram cometidas atrocidades em nome de uma ideologia, em nome de um fanático que muitos alemães já reconheceram como tal tarde demais. Mas demonstra também, e de forma cruel, que até os que traziam libertação violaram, mataram e fizeram sofrer centenas de mulheres alemãs. Esta é claro a minha parte menos favorita, pois embora o autor seja comedido nas palavras a situação fala por si.

No entanto e por isto não esperava, o livro dá a Magda o seu final feliz, reencontra o seu capitão rebelde e casam-se estando juntos até ao final dos seus dias. Fiquei curiosa porque gostava de saber mais, onde viveram, como viveram, porque reservou Magda esta história tantos anos... mais uns capítulos poderiam ter sido incluídos!



09/01/2021

Leituras 2021: Os segredos de sir Richard Kenworthy

 Este é último livro do quarteto Smythe-Smith retrata a história de Iris e sir Richard. Esta história é diferente de todas as outras, no entanto a apetência musical das meninas casadoiras da família Smythe-Smith.

Sir Richard incauto mas desesperado por arranjar uma esposa decide escolher uma das meninas disponíveis no sarau musical. Quem é que lhe capta a atenção? Iris Smythe-Smith, que escondida atrás do seu violoncelo tenta passar despercebida, e ele? Fará de tudo para a conquistar em duas semanas. Sir Richard esconde um segredo, daí a sua pressa, vendo em Iris a peça perfeita para resolver a sua situação decide tornar a sua oferta impossível de recusar...

A escrita nesta primeira fase é fluida, acompanha a ação rápida a decorrer mas vai-se tornando mais descritiva. Acompanhamos o fluir dos sentimentos de ambos, Iris uma romântica escondida por uma fachada de recato e sir Richard? Uhh melhor nem dizer pois é uma personagem que me irritou um bocado! O homem complica todos os problemas pois não consegue dialogar com as mulheres da sua vida e arranja mais problemas que soluções à conta disso!

No entanto foi um livro de que gostei bastante, pela escrita tão típica de Julia Quinn, pelos enredos e artimanhas a que já nos habituou. E claro por ser um dos meus géneros favoritos e de falar sobre a família de época favoritos de todos os tempos, os Bridgerton (ainda que neste pouco).



06/01/2021

Leituras 2020: Um convite muito especial

 Gosto sempre de ler um livro da Trisha nesta altura do ano. Costumam ser fofinhos, apropriados ao ambiente natalício e já disse fofinhos?

Este não fugiu à premissa, um pequeno vilarejo idílico algures em Inglaterra, uma personagem feminina forte mas um pouco abalada por uma doença e um acontecimento do passado e claro o personagem masculino fugidio e misterioso que parece não nutrir sentimentos muitos bons pela nossa protagonista.

Meg é uma personagem forte, que parece levar a vida com ligeireza mas que carrega em si o desaparecimento da mãe e a dor de perder um filho. No entanto, apoiada por uma família pouco convencional consegue triunfar e tervums carreira como retratista de sucesso. O que Meg não vê chegar é o seu passado, na forma de Lex, um homem algo atormentado após a perda da sua esposa (mas não é tanto isto que o atormenta mas antes pensar que a traiu...)

Meg e Lex conheceram-se na faculdade, houve um acontecimento que os afastou e a colocou numa situação complicada e eis que a tia de Lex convida Meg para fazer os retratos de família e a passar o Natal com a família. E será no seio dessa família que Mega vai encontrar as respostas que preencherão as lacunas do seu passado.

As personagens são agradáveis e até algo exóticas, a escrita descritiva, prende-se em alguns pormenores, achei a narrativas pouco lenta, até que se precipita para um fim surpreendente. 

Mas achei a história bonita ainda que precipitada no final. Penso que muita coisa ficou por contar no que diz respeito à história da mãe de Meg. Não deixa por isso de ser uma história cativante de uma das minhas autoras favoritas.



02/01/2021

Leituras 2020: Doces Aromas, Agnès Desarthe

 Um livro que comprei pela capa, um livro que pensava eu, seria sobre o amor pela comida e um romance em torno disso. Mas pelo contrário a autora dá-nos a conhecer Myriam, uma mulher que vive deprimida e presa num mundo muito seu.

É o retrato de uma mulher infeliz, casada não era feliz, mãe deprimida, presa, que não sentiu um amor arrebatador pelo seu filho, luta com a uma depressão Myriam foge, e é na comida que encontra o seu refúgio, para a dor, para combater o sentimento de inferioridade e o isolamento.

Myriam luta para manter o seu restaurante em funcionamento, o dinheiro esse é pouco ou nenhum, vive dentro do restaurante e revive o seu passado que se mistura com o seu dia-a-dia. Myriam divaga, assim como a autora, e o que poderia ser uma premissa de uma boa história perde-se numa linguagem algo complicada e numa narrativa densa e que nos sufoca.

A história é boa mas perdemo-nos dentro do labirinto que é Myriam, temos pouco vislumbre das outras personagens, do seu irmão, do marido, da tia, de Ben. E o mesmo acontece com as situações, o relato destas é muito superficial. Ao invés de se focar tanto em Myriam a autora poderia ter-nos dado uma história mais coerente, abrangente e descritiva. A atenção dada à personagem principal faz com que se tenha uma perspectiva bolha, Myriam e o seu pequeno mundo interior.

Para esta leitura deixo aqui 3 estrelas. Lutei, li, mas é um livro que não vou guardar na estante.