Título: Um verão em Veneza
Autora: Nicky Pellegrino
Ano de Edição / Impressão / 2016
Número Páginas / 336
Editora: Asa
Sinopse:
Addolorata – mais conhecida como Dolly – sabe que devia sentir-se feliz. Vive em Londres, é apaixonada pelo seu restaurante Little Italy, pelo marido e pela filha pequena. Mas algo não está bem. Dolly parece ter perdido a alegria. A vida familiar caiu na rotina e o restaurante sofre com os sítios da moda. A gota que faz transbordar o copo chega sob a forma de Guy Rochester – um crítico gastronómico influente que arrasa o Little Italy na sua crónica semanal.
Desejosa de aventura e com as duras palavras de Guy na cabeça, Dolly faz o impensável. Deixa Londres, o marido e a filha e parte sozinha para umas férias em que planeia reencontrar a alegria que era tão sua até há pouco… antes de a responsabilidade da vida adulta a sufocar e transformar numa mulher quase irreconhecível.
É em Veneza que conhece a excêntrica Coco, que lhe vai abrir as portas para o modo de vida veneziano. Enfeitiçada pela cidade, pelos seus labirintos de canais, pontes e piazzas, e arrebatada pelas iguarias de fazer crescer água na boca, Dolly decide ficar até ao final do verão. Na sua busca pelos prazeres mais simples da vida, elabora uma lista das dez coisas que a deixam mais feliz.
Mas haverá algum lugar nessa lista para aquilo que deixou para trás?
Uma exuberante fusão de cores e sabores pela mão exímia de Nicky Pellegrino, uma das escritoras mais queridas das leitoras portuguesas.
Opinião:
Este não é um livro para todos. Ou bem que gostamos e nos identificamos ou bem que achamos só um livro superfluo e igual a tantos outros.
A mim falou-me de perto, identifiquei-me um pouco com Addolorata cansada da sua rotina e um pouco perdida na vida. Identifiquei-me no sentido de ela estar tão cansada que não consegue apreciar o que é verdadeiramente importante. É um livro que fala de descoberta, da vida, de si própria, de novos ritmos, comidas e pessoas e acima de tudo de descoberta do nosso lugar no mundo.
Addolorata decide partir para Veneza, e nesse pequeno paraíso vai redescobrir-se e vai criar uma coisa inédita, uma lista de felicidade.
“(...) Ainda havia uma página em branco onde a minha lista de felecidade deveria estar, mas agora tinha todo um verão à minha frente para a preencher.
Sentia-me entusiamada de certa forma, mas também up pouco ansiosa. E se o tempo passase e nada mudasse? E se a felicidade fosse algo em que eu não era boa, como o tango?
- Leve o seu tempo. Não se esforce demasiado – foi o conselho de Coco. – A felicidade vai aparecer-lhe sorrateira. Só tem de esperar que ali está.”
Adorei esta ideia da lista. Achei muito original e concordo com Coco, a felicidade aparece nos pequenos momentos, em acções de todos os dias, em pequenos prazeres como uma boa chávena de café, uma refeição simples ou um bom livro. Addolorata começa por resumir e acrescentar itens à sua lista:
“- Então, festas, sestas, cães, Prosecco, café, tango, vizinhanças... isso é grande coisa? Com certeza, a felicidade resume-se simplesmente a saber como desfrutar da vida. – Ela olhou para mim por um momento; um daqueles olhares desassombrados que fazem com que uma pesssoa se sinta avaliada dos pés à cabeça. – Pensa que esta lista vai realmente mudar a sua vida de alguma maneira?”
Naquele momento Addolorata pensa que a lista lhe traz algum conforto no entanto não lhe traz as respostas que ela tanto procura. Ela sente-se feliz por aquilo que Veneza lhe dá no entanto está somente a adiar tudo aquilo que deixou em Inglaterra, a sua vida pessoal e profissional.
“Foi algo que Coco tinha dito uma vez que me ajudou a passar aquele longo dia de vigília e de esperança. Nao posso mudar o passado e desfazer os meus erros. Só posso ir para a frente com a minha vida. Ir para a frente e continuar a tentar. É só o que qualquer um de nós pode fazer. “
E naquele momento Dolly só quer conhecer Veneza, os seus habitantes e levar-nos num verdadeiro roteiro turístico e não turístico e fazer-nos ver e conhecer a verdadeira Veneza, com as suas ruelas, cheriso e sabores. Adorei a descrição da livraria Acqua Alta e confesso que gostei da perspectiva da autora de abordar a cidade do ponto de vista dos habitantes locais e não turístico.
E termino a resenha com uma das minhas citações favoritas:
“Havia uma razão para eu não apreciar o que tinha – queria algo diferente. Não um novo marido nem mesmo um novo trabalho, mas uma vida que mudasse, uma vida em que cada minuto de cada dia não estivesse já destinado, planeado. E sempre fora possível; só que eu estava demasiado atolada na rotina para o ver.
O problema de perseguir a felicidade é que ela tende a afastar-se a dançar e a manter-se a brilhar fora do nosso alcance, algures à distância. O truque é aprender a fazer uma pausa, a reparar que está ali e a deixá-la entrar. É claro qye está longe de ser fácil e en não sou ainda propriamente uma especialista, mas sei agora desfrutar melhor dos pequenos prazeres de todos os dias (...)”
Não vou contar mais nada sobre o livro, este é um daqueles que digo só lido e o importante é mesmo apreciar os pequenos prazeres de todos os dias...
Nota: 5 estrelas
Período de leitura: 7 a 11 de Julho