Título: As Cinquenta
Sombras de Grey
Autor: E. L. James
Editora: Lua
de Papel
Número de
Páginas: 552
Publicado
em: 2012
Sinopse:
As Cinquenta Sombras de Grey é um romance obsessivo,
viciante e que fica na nossa memória para sempre.
Anastasia Steele é uma estudante de
literatura jovem e inexperiente. Christian Grey é o temido e carismático
presidente de uma poderosa corporação internacional. O destino levará Anastasia
a entrevistá-lo. No ambiente sofisticado e luxuoso de um arranha-céus, ela
descobre-se estranhamente atraída por aquele homem enigmático, cuja beleza
corta a respiração. Voltarão a encontrar-se dias mais tarde, por acaso ou
talvez não. O implacável homem de negócios revela-se incapaz de resistir ao
discreto charme da estudante. Ele quer desesperadamente possuí-la. Mas apenas
se ela aceitar os bizarros termos que ele propõe... Anastasia hesita. Todo
aquele poder a assusta - os aviões privados, os carros topo de gama, os
guarda-costas... Mas teme ainda mais as peculiares inclinações de Grey, as suas
exigências, a obsessão pelo controlo… E uma voracidade sexual que parece não
conhecer quaisquer limites. Dividida entre os negros segredos que ele esconde e
o seu próprio e irreprimível desejo, Anastasia vacila. Estará pronta para
ceder? Para entrar finalmente no Quarto Vermelho da Dor? As Cinquenta
Sombras de Grey é o primeiro volume da trilogia de E. L. James que é
já o maior fenómeno literário do ano em todos os países onde foi publicado.
Críticas de imprensa
«De um dia para o outro, As Cinquenta Sombras de Grey
tornou-se sensação entre o círculo das mães jovens e atraentes e chegou ao top
dos bestsellers do New York Times. Este romance erótico pôs as gravatas
cinzentas no primeiro lugar da lista de compras de muitas esposas, na esperança
de que os respectivos maridos viessem a imitar a personalidade obsessiva,
imperiosa e intimidante de Grey, com muitas a admitirem que o livro lhes despertou
um desejo intenso por sexo com os companheiros.»
The Daily Mail
«As Cinquenta Sombras de Grey, romance erótico
de uma autora desconhecida, foi descrito como pornografia para mamãs ou como
uma espécie de Twilight para adultos e, por todo o lado, tem deixado as
mulheres eléctricas, de tal forma que, em três tempos, o fenómeno se espalhou
no Facebook, nos ginásios ou nos eventos escolares dos filhos. Os editores
referem que o burburinho que acompanha As
Cinquenta Sombras de Grey faz
lembrar o que se passou com o Código
Da Vinci ou com Comer, Orar e Amar. A diferença é que este livro é responsável por uma outra coisa:
apresentou às mulheres habituadas a ler ficção comercial e sem novidade um novo
estilo de romance erótico, explícito e de uma ardência ofegante. Nos subúrbios
de Nova Iorque, Denver e Minneapolis, as mulheres que devoraram a trilogia
afirmam sentir os efeitos benéficos em casa. Segundo Lyss Stern, a fundadora do
site DivaMoms.com e uma das primeiras fãs da série, o livro está a reavivar a
chama de muitos casamentos. ‘Acho que ler o livro nos faz sentir sexy outra
vez’.»
The New York Times
«Novos e velhos, médicos e crentes praticantes,
homossexuais e heterossexuais – estamos só a falar dos HOMENS que devoraram
este oh! tão atrevido As Cinquenta Sombras de Grey, uma trilogia erótica que
conquistou milhões de mulheres numa questão de semanas.»
Washington Post
http://www.wook.pt/ficha/as-cinquenta-sombras-de-grey/a/id/13173961
Opinião:
Confesso que resisti
durante um tempo a comprar os livros e mesmo depois de os comprar ainda ficaram
na estante uns meses porque achei que era leitura para o Verão. A edição é da
Lua de Papel, e os livros desta editora cada vez me surpreendem mais. Tenho de
dizer que não sou muito experiente neste tipo de literatura, estreei-me com
esta trilogia, e depois pelo que li aparentemente a temática também não é muito
comum.
A trilogia é polémica,
causou e causa ainda muito alarido e com o anúncio do filme acho que vai por
muito boa gente à beira da histeria. Eu por mim confesso que gosto muito de ler
os livros antes de dar uma cara escolhida por uma qualquer produtora
cinematográfica.
Como a maioria das pessoas
também senti curiosidade mais por saber do que se tratava ao início, se seria
pela escrita, pelo conteúdo, eu pensava mas é assim tão chocante e tão diferente?
Afinal eu já tinha lido livros que tinham descrições muito detalhadas sobre
momentos íntimos e não estava a perceber o porquê de tanta conversa. Depois de
começar a ler percebi, e este livro tem mesmo de ser lido porque não
conseguimos explicar. Algumas práticas abordadas podem até ser comuns, no entanto, não são
na nossa sociedade abordadas claramente. E existem ainda algumas temáticas de
que falamos, mas atrás de portas fechadas, e creio que mesmo hoje em dia a
nossa sociedade não é ainda assim tão aberta nem as aceita.
À partida parece um
qualquer romance Harlequim, a menina ingénua, o empresário de sucesso, a aura
de mistério que o rodeia e os novos sentimentos, que desperta na jovem. No
entanto percebemos imediatamente a diferença, aqui é Christian Grey quem se
sente imediatamente atraído, Anastasia, inexperiente, demora a perceber a sua
atracção por ele.
Quase de imediato sentimos
a tensão que começa a crescer entre ambos, a atracção, o jogo que se inicia.
Ana sente-se como uma borboleta atraída pela luz, mas será que vai sobreviver
ou “vai chamuscar as asas”?
Christian Grey é um maníaco
do controlo, desde o início que claramente indica a Anastasia o que pretende
dela, enquanto que ela se debate com aquele novo mundo que se abre a seus
olhos. A relação de ambos é notavelmente sexual, em que Grey tenta controlar
Anastasia, a jovem inexperiente de 21 anos, muito inocente para a sociedade de
hoje em dia acho eu.
O foco deste romance, é a
diferença no tipo de relacionamento, não se trata de um relacionamento normal
que vai evoluindo, mas algo como um contrato, disfuncional, Christian Grey, ou
Mister Grey necessita de submeter as mulheres às suas necessidades, sendo que
cada “relacionamento” envolve um contrato. Começa aqui a diferença, ninguém
começa um relacionamento com um contrato, com regras, com castigos, sendo que a
maioria deste envolve palmadas…
À medida que o livro
avança, somos confrontados, com uma linguagem que roça a vulgaridade, nos
diálogos entre as personagens. Quem não tem uma boa cara de poker não deve ler
o livro em público, correndo o risco de o rosto atingir certos tons de
vermelhos nunca antes vistos. A autora soube pegar num tema conhecido, mas
nunca antes descrito, prazer sexual através de dor, é referido no livro com
BDSM, sendo bondage, disciplina/dominação, submissão e sadismo/masoquismo.
Confesso que não estava preparada para certas descrições extremamente
explícitas que encontrei e que me questionei mesmo como era possível…
Ao contrário de outros
livros/relações normais, este começa pelo fim com um casal que atinge logo ao
início uma grande intimidade na alcova mas que não tem nenhum ou quase nenhum
conhecimento dos sentimentos/traumas um do outro. E é aqui que o livro se torna
diferente de muitos outros, a aura de mistério em torno de Grey, a nossa
curiosidade aguçada, uma pista aqui, outra ali e a nossa imaginação começa a
trabalhar… a pensar na história de Christian, porque seria ele assim, o que o
levou a tal necessidade, porque é que como ele se descreve tem as suas
cinquenta sombras, passando de maníaco a atencioso, de dominador a preocupado.
O meu problema no livro foi
com Ana, tudo bem que há raparigas que decidem ser virgens, não importa qual
seja o motivo. Mas ela nunca tinha estado mais intimamente com um rapaz, nunca
tinha sentido vontade de nada? O meu problema foi como de um momento para o
outro ela encontrou a sua deusa interior... ora uma pessoa inexperiente
raramente passa de inexperiente a sentir a tal deusa da forma como ela
mencionava... tudo bem que Grey era tão confiante e tão “perfeito” que pode ter
contagiado Ana a sentir-se mais confiante em relação à sua própria imagem, mas
não seria assim tão rápido, penso eu.
É um livro de dualidade, de
opostos, Ana com uma infância feliz, com um percurso normal mas com uma
insegurança extrema em relação a si mesma, e de certa forma a um
descontrolo/incógnita na sua vida futura. No lado oposto, Christian, com uma
infância muito má, obsessivo com o controlo e segurança e com certeza absoluta
daquilo que quer: no momento, em que ela entrou no seu escritório, Anastasia
Steele. É a história de como Christian conduziu Anastasia, envolvendo-a,
atraindo-a até que ela se viu presa na teia da aranha Grey. É a dualidade
prazer/dor, aceitação/recusa das práticas proposta por Mr. Grey, é a
irreverência do quarto da dor e dos seus instrumentos, é a descrição íntima e
expositiva de Anastasia, é a tentativa de descobrir as diferentes sombras de
Grey.
Gostei da escrita, da maneira como
a autora apresenta esta história, de facto toda a gente diz: “ai não que
horror”, mas depois todos sabem um pouco ou já leram um bocado. Aconselho a que
leiam a história toda assim não falam só de ser chocante pelo tema, e ficam a
conhecer a história toda e podem tecer opiniões fundamentadas.