28/02/2015

Leituras de Novembro: Divergente, Veronica Roth

1. Divergente, Veronica Roth

Livro: Divergente
Autor: Veronica Roth
Págs.: 352
Editora: Porto Editora

Sinopse: Na Chicago distópica de Beatrice Prior, a sociedade está dividida em cinco fações, cada uma delas destinada a cultivar uma virtude específica: Cândidos (a sinceridade), Abnegados (o altruísmo), Intrépidos (a coragem), Cordiais (a amizade) e Eruditos (a inteligência). Numa cerimónia anual, todos os jovens de 16 anos devem decidir a fação a que irão pertencer para o resto das suas vidas. Para Beatrice, a escolha é entre ficar com a sua família... e ser quem realmente é. A sua decisão irá surpreender todos, inclusive a própria jovem. Durante o competitivo processo de iniciação que se segue, Beatrice decide mudar o nome para Tris e procura descobrir quem são os seus verdadeiros amigos, ao mesmo tempo que se enamora por um rapaz misterioso, que umas vezes a fascina e outras a enfurece. No entanto, Tris também tem um segredo, que nunca contou a ninguém porque poderia colocar a sua vida em perigo. Quando descobre um conflito que ameaça devastar a aparentemente perfeita sociedade em que vive, percebe que o seu segredo pode ser a chave para salvar aqueles que ama... ou acabar por destruí-la.

~A minha opinião ~


O livro: A capa apresenta uma chama, símbolo que identifica os Intrépidos, facção na qual a maior parte da história se vai desenrolar.

Temas: descoberta de si, aventura, amor, suspense, futuros alternativos, valores, crise; são tantos, que eu poderia ficar aqui um tempinho a discorrer sobre os tópicos…

Género/público: Jovens Adultos, e curiosos (como eu)

Personagens favoritas: Quatro, pelo mistério, pela dualidade de sentimentos e pela personalidade.

Escrita: A escrita é simples, directa e precisa assim como a narrativa. Em poucas páginas a autora conseguiu inserir-nos na história. Cria um ambiente que nos é familiar e com personagens que parecemos conhecer desde sempre. Prende-nos pelos acontecimentos sucedâneos, porque, na história não há momentos parados, há sempre algo a acontecer, os sentimentos à flor da pele. É também uma leitura que trabalha o psicológico, desperta o nosso lado de sobreviventes, que enfatiza os sentimentos negativos, ou o sentimento que é mais significativo o medo do desconhecido.

História: Nem sei bem como cheguei até este livro. Quando o comecei a ler achei que ia ser algo muito semelhante aos Jogos da Fome. Fiquei com um pé atrás antes de começar esta leitura por isso mesmo. Mas de certa forma fiquei desapontada com a trilogia, gostei muito do primeiro livro, e não deixava de ver algumas semelhanças entre Katniss e Trish a heroína de Divergente.

Claro que existem muitas diferenças! Aqui não há um centro rico e poderoso enquanto pobres sofrem e trabalham para eles. A sociedade descrita em Divergente, é organizada por facções e cabe a cada um decidir a qual facção quer pertencer. A consequência? A facção é mais importante que o sangue, acima do conceito de família. Isto foi um dos maiores choques que tive com a leitura, porque penso que na nossa sociedade os valores são inversos. A acção vai decorrer na cidade de Chicago, um pouco devastada por uma guerra, mas pouco sabemos sobre o que verdadeiramente se passou.

A autora leva-nos a um mundo seccionado, dividido por características, cores, cerimónias simbólicas, testes e muitos jogos psicológicos. Objectivo? A construção de um eu mais forte, decidido e identificado por características únicas. A cerimónia mais simbólica é aquela da Iniciação, - ocorre aos 16 anos - onde cada um é confrontado com a escolha de uma facção, a família versus os interesses pessoais. A acção decorre na cidade outrora denominada de Chicago, antes da Guerra, destruída, sendo a pouco e pouco reabilitada pelos seus habitantes.

São cinco facções: Eruditos, Intrépidos, Cândidos, Cordiais e os Abnegados  e cada uma delas tem um símbolo que a representa. Beatrice Prior a nossa heroína, pertence a estes últimos, são pessoas sem vaidade, com a filosofia de ajudar o próximo, sem desejos de poder e por isso são eles que governam a cidade. No entanto, o seu teste de aptidão revela que ela é uma Divergente, alguém considerado muito perigoso pela sociedade onde se insere. Isto porque ela demonstra aptidão para mais de uma facção, e isto, ainda torna mais difícil a sua escolha. E logo no início da cerimónia de Iniciação vemos escolhas que nos parecem bastante cruéis: Beatrice escolhe a facção dos Intrépidos e o seu irmão escolhe os Eruditos. Resultado? Os pais de ambos vão ficar sozinhos, podendo visitar os filhos somente duas ou três vezes, depois de iniciarem uma vida nova na sua nova facção.
Beatrice que passa a designar-se Trish escolhe a facção mais aventureira, perigosa e desafiante, os Intrépidos. É uma luta constante para conseguir ficar entre os top 20 e se tal não acontecer ela passará a ser uma sem-facção. Estas pessoas são aquelas que por algum motivo, desajustamento, expulsão, vivem fora das facções, realizam os trabalhos menos agradáveis, são de certa forma os pobres e explorados daquela sociedade.

Daí que neste primeiro livro acompanhemos a luta de Tris para conseguir ficar nesta facção, para se integrar e para nesse mundo novo se apaixonar por Quatro, o seu instructor, uma personagem enigmática, distante e completamente diferente de Tris. O que me leva a pensar que de certa forma eles não estavam destinados a ficar juntos, ou que acabariam por se complementar. Isto porque ela age com o coração, é honesta, não suporta injustiças e é sobretudo corajosa. E Quatro, ele é a razão, muitas vezes assertivo mas com pequenos gestos que depois nos confundem assim como a Tris.

Tris não está sozinha nesta nova aventura, e faz-se acompanhar por Christina, Eric e Peter algumas das personagens secundárias que ainda vão dar muito contributo para a história e também para demonstrar a interacção no seio do grupo de novatos, os receios, as motivações e até onde vão por desejo de ficarem naquela facção. No entanto, ela guarda o seu segredo, - o de ser divergente, - de todos os amigos e Quatro, mas este a pouco e pouco consegue chegar até ela e apercebem-se que têm mais em comum que o que pensavam.

Trish vê-se apanhada no meio de uma conspiração, de uma revolução, em que as facções começam a ser questionadas. Testes são usados para verificar quem foge ao padrão das facções, e quem é diferente acaba por ser eliminado. Porque? O medo do desconhecido, daquilo que foge à regra e quem resiste aos soros ou às simulações é um alvo a abater.

 É difícil perceber qual será o rumo da história e qual será o rumo que o enredo vai tomar, de uma coisa tinha a certeza desde o início, sendo Trish uma pessoa diferente, ela vai certamente ser das personagens mais desenvolvidas, fustigadas pela acção e certamente marcada por todos os acontecimentos, mas digo desde já que fiquei muito surpreendida com o final do primeiro livro.

Citações favoritas: Acredito nos actos simples de bravura, na coragem que leva uma pessoa a se levantar em defesa da outra.

Período de Leitura: Novembro 2014

Nota: 4 estrelas

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