01/05/2021

Leituras 2021: Um amor Perdido, Alyson Richman

 

Esta foi uma das melhores leituras do meu ano, tão bom que o li em duas tardes, a história tem a premissa de tantas outras histórias. A guerra, o Holocausto, famílias que se separam e perdem, pessoas feridas e com a alma vincada pelo terror até ao final dos seus dias. A diferença? É que esta tem um final feliz ainda que tardio.

O livro dá-nos a conhecer a história de Josef e de Lenka, de como se apaixonam, casam e se perdem um do outro. O livro vai alternando a história de vida de um e do outro até que surpreendentemente se encontram, 60 anos depois, por ocasião de um casamento. A primeira parte do relato acontece em Praga, na Checoslováquia, a vida despreocupada, os interesses comuns, a sua vida académica e familiar. Como se conhecem, apaixonam e assistem preocupados aos acontecimentos que tragicamente vão mudar as suas vidas. Aqui o relato é feito mais por Lenka, que como artista que é, nos retrata vivamente as suas experiências e sentimentos, como a sua vida era plena e promissora antes da chegada dos alemães. Sentimos a angústia, o crescer do preconceito, o crescer do ódio, a escassez, a fome, o despojo dos bens, da liberdade e inacabado da vida como sempre conheceram.

Na segunda parte Josef conta-nos, desde a actualidade, o seu passado e como sobreviveu à guerra, como sobreviveu na América, como estudou, se tornou médico e viveu uma vida que não pareceu completa, desprovida de alegria. Já Lenka conta como permaneceu com a sua família desde a ocupação de Praga até à vida miserável em Terezín, o horror de nada ter, da incerteza, de viver uma vida que poderia ser roubada a cada dia que passava. 

E cada um deles julgava o outro morto. E é aqui que o nosso fôlego é roubado, porque vivemos através das suas memórias, as atrocidades que Lenka e todos os judeus passaram, a dor da ausência que Josef viveu, e pela linda história que ficou por viver. Este livro é rico, é minucioso nos detalhes, apresenta uma história que de nada tem de leve, pelo contrário,  e por isso se entranha em nós e que o vivenciamos de perto e o sentimos tanto!


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