Esta foi a minha primeira leitura deste escritor português e foi um belo começo! Ainda que seja um pequeno livro de 120 páginas tem uma mensagem tão bonita que fiquei comovida no final. Todos os bons amantes de livros irão apreciar esta bonita narrativa e identificar-se de alguma maneira com Vivaldo e Elias Bonfim.
Título: Os Livros que devoraram o meu pai
Autor: Afonso
Cruz
Ano da
primeira publicação: 2008
Editora: Caminho
Sinopse: Vivaldo Bonfim é um escriturário entediado
que leva romances e novelas para a repartição de finanças onde está empregado.
Um dia, enquanto finge trabalhar, perde-se na leitura e desaparece deste mundo.
Esta é a sua verdadeira história — contada na primeira pessoa pelo filho, Elias
Bonfim, que irá à procura do seu pai, percorrendo clássicos da literatura
cheios de assassinos, paixões devastadoras, feras e outros perigos feitos de
letras.
Sabemos que
o livro nos fala da busca de Elias pelo seu pai Vivaldo que, fica ele a saber,
se perdeu nos livros da sua biblioteca. Vivaldo preso a um trabalho monótono,
dava por si a mergulhar nas suas histórias, até que um dia por lá ficou.
O livro,
alternando entre o quotidiano de Elias e a sua viagem pelos livros da
biblioteca do pai, é uma narrativa maravilhosa e com uma mensagem final triste
e surpreendente. É um livro sobre livros, que nos fala da viagem de um leitor
dentro do livro, o modo como cada se liga à história, aos personagens , em como
a história envolve e toca de modo diferente cada um de nós e em como nos
podemos perder dentro da mesma (já aconteceu certamente).
"Porque nós somos feitos de histórias,
não é de a-dê-énes e códigos genéticos, nem de carne e músculos e pele e
cérebros. É de histórias."
Elias à semelhança do seu pai vai perder-se em várias
narativas, A ilha do dr. Moreua, uma outra de que gostei muito Dr. Jeckly e Mr.
Hyde, Crime e Castigo (este não li é um clássico eu sei é imperdoável). Elias
acaba por debater vários temas, com as personagens dos livros, nomeadamente, a
questão da maldade e da verdade/mentira. Isto indicativo da situação real que o
apoquentava (e que ele não concebia): o amor de Beatriz pelo seu amigo, algo
rechonchudo Bombo.Elias tinha debatido com as personagens desses livros, a
questão da maldade e de dizer a verdade ou não, antes de agir, mas Elias optou
por ser cruel com o seu amigo, para ver se ganhava a atenção de Beatriz e isto
conduziu a um final inesperado e não muito positivo para Elias (não vou contar
mais para não estragar a vossa leitura). O seu fundamento para a crueldade o
amor da rapariga, no entanto com um preço grande a pagar a perda da amizade de
Bombo e Beatriz.
O autor
leva-nos a questionar-nos sobre as nossas motivações, convida-nos à leitura de
mais livros como forma de descoberta, de nós próprios e de novas realidades:
"Os livros encostados uns aos outros,
numa prateleira, são universos paralelos.”
Que
dizer mais? Fica uma palavra: Adorei! Simples, fácil e poderoso! O livro é um
objecto inanimado com o poder de nos fazer reagir de uma maneira surpreendente. Enriquece-nos,
faz-nos sentir e acima de tudo viver!
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