26/05/2015

3. Leituras de Fevereiro: O homem de Constantinopla



Nome: O Homem de Constantinopla
Autor: José Rodrigues dos Santos
Ano: 2013
Editora: Gradiva
Páginas: 501


Sinopse:
O Império Otomano desmorona-se e a minoria arménia é perseguida. Apanhada na voragem dos acontecimentos, a família Sarkisian refugia-se em Constantinopla. Apesar da tragédia que o rodeia, o pequeno Kaloust deixa-se encantar pela grande capital imperial e é ao atravessar o Bósforo que pela primeira vez formula a pergunta que havia de o perseguir a vida inteira:
“O que é a beleza?”

Cruzou-se com a mesma interrogação no rosto níveo da tímida Nunuphar, nos traços coloridos e vigorosos das telas de Rembrandt e na arquitectura complexa do traiçoeiro mundo dos negócios, arrastando-o para uma busca que fez dele o maior coleccionador de arte do seu tempo.
Mas Kaloust foi mais longe do que isso.

Tornou-se o homem mais rico do planeta.

Inspirado em factos reais, O Homem de Constantinopla reproduz a extraordinária vida do misterioso arménio que mudou o mundo – e consagra definitivamente José Rodrigues dos Santos como autor maior das letras portuguesas e um dos grandes escritores contemporâneos. 

 http://www.wook.pt/ficha/o-homem-de-constantinopla/a/id/15236375



O livro: O livro apresenta-nos na capa a vista de um homem num cais, com várias embarcações e os edifícios ao longe mostram-nos uma cidade, um pouco semelhante com Lisboa.

Temas: a procura da beleza, negócios do petróleo, perseguições religiosas.

Género/público: thriller, drama e romance

Personagens favoritas: Kaloust, pela tenacidade, empenho e dedicação.

Escrita: envolvente, descritiva e dramática.


HistóriaOs livros do José Rodrigues dos Santos para mim são momentos de aprendizagem, de viagem e de reflexão. Pelo menos, aqueles que não envolvem Tomás Noronha, que esses ainda não li todos e honestamente não sei ainda se os vou ler.

Este livro? Fala-nos de uma personagem muito discreta da história de um homem que muito contribuiu para a cultura em Portugal, Kaloust Gulbenkian, e de uma forma ou de outra todos já ouvimos falar um pouco deste senhor.

A história não é a real, não se tratam de factos, mas trata-se de um romance, cheio de aventuras, acontecimentos infelizes e finais surpreendentes. Este é o primeiro livro da saga de Kaloust, retrata a sua infância, juventude e vida adulta e todos os acontecimentos que fazem dele, um dos homens mais ricos do planeta.

A acção começa na Turquia, passa por Inglaterra, França e acaba em Portugal… será a busca pela resposta à eterna questão o que é a beleza? Será a descrição de como se torna tão rico e influente? Retrata algum tipo de perseguição e a consequente destruição do império otomano? Todas estas questões serão respondidas neste e no outro livro dedicado à segunda parte da vida de Kaloust. Como? Através de uma escrita envolvente, que nos transporta através de descrições vívidas aos locais, às pessoas, à história…

O contexto? As perseguições religiosas no império otomano aos arménios pelos turcos. Mais tarde o interesse de Kaloust pelo petróleo e os consequentes interesses económicos que daí resultam. A primeira guerra mundial e a tomada de posições/interesses.

A personagem principal: Kaloust não nos aparece como a personagem perfeita, desde cedo começamos a notar a sua ambição, o interesse por coisas caras e uma moral não tão irrepreensível como aparenta, já que vive quase uma vida dupla tanto a nível familiar como nos negócios. Kaloust é astuto nos negócios, não fixa residência para não pagar impostos e investe num negócio que poucos sabem ser o futuro do planeta: o petróleo. É ainda dotado de uma estranha noção de moral, usando como desculpa e alegando questões médicas, envolve-se com jovens de tenra idade, com o pretexto de manter a juventude.

Para além desta ambição desmedida, Kaloust procura responder a uma questão essencial que o atormenta, o que é a beleza? Vemos ao longo da narrativa, o autor adquirir belas obras de arte, que para ele transmitem a noção de belo e particular, no entanto, não respondem totalmente ao conceito da sua procura e vemos esta questão transposta para o segundo volume da sua história.

E é assim que através de uma narrativa intensamente descritiva que o autor nos transporta por acontecimentos históricos e locais simbólicos e nos cativa fortemente à leitura de mais um dos seus romances.

Citações favoritas: “O que é a beleza?”, deixo este excerto porque compreendemos através da leitura do livro que é subjectivo, a busca pela beleza depende de cada um de nós e das nossas experiências.

"Nenhum ser humano esquece o dia em que o pai morreu. Dizem que é o momento em que nos tornamos adultos e o futuro nos é confiado como a chave de uma mansão de que somos enfim herdeiros."

"A beleza está evidente nos objectos, nas suas formas e no seu conteúdo, na respectiva harmonia e qualidades intrínsecas, mas o facto é que uma coisa não pode ser bela sem alguém que a contemple e a ache bela."

"É por efeito da verdade que a arte se associa ao bem", sublinhou Sir Kenneth. "É como se beleza, bondade e verdade fossem os três vértices do mesmo triângulo."
  
Período de Leitura: 9 a 12 de Fevereiro

Nota: 5 estrelas

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