27/12/2014

Leituras de Outubro: A livraria, Penelope Fitzgerald


Aqui deixo mais uma opinião das minhas leituras de Outubro, ainda me faltam tantas opiniões! E tão pouco tempo!

Título:  A Livraria
Autor: Penelope Fitzgerald
Edição/reimpressão: 2011
Páginas:  180
Editora: Clube do Autor

Sinopse
Inglaterra, 1959.
Florence Green vive na pequena vila costeira de Hardborough, longe de tudo, e que se caracteriza precisamente por aquilo que não tem. Florence decide então, contra tudo e todos, abrir a primeira e única livraria da terra.
Florence compra um edifício abandonada há anos, gasto pela humidade e com o seu próprio fantasma. Como se não bastasse o mau estado da casa, ela terá de enfrentar as pessoas da vila que, de um modo cortês, mas inabalável, lhe demonstram a sua insatisfação com a existência da primeira livraria local. Só a sua ajudante, uma menina de dez anos, não deseja sabotar o seu negócio.
Quando alguém sugere que coloque à venda a primeira edição de Lolita de Nabokov, a vila sofre um «terramoto» subtil, mas devastador. E finalmente, Florence começa a suspeitar da verdade: uma terra sem uma livraria é, muito possivelmente, uma terra que não merece qualquer livraria.
A Livraria é uma obra-prima acerca do mundo dos livros, dos sonhos e das vicissitudes da vida, sob a forma de uma história envolvente e original.

«De todos os romancistas da língua inglesa do século XX, Penelope Fitzgerald é indiscutivelmente a maior… Consistente e convincente.»
Spectactor

«Uma narrativa maravilhosa e penetrante.»
Times Literary Supplement

«Um livro original que se lê com muito prazer.»
Financial Times

«Simultaneamente sábio e triste. Um livro vivamente recomendado.»
Library Journal

Críticas de imprensa
« “A Livraria” é um romance sábio, tocado aqui e ali por alguma melancolia de um tempo passado, e escrito de maneira tão consistente e vívida, que a mais pequena das cenas se enche de impressões como se fosse insuflada de cores. No final da leitura, o leitor anseia por mais romances desta grande romancista inglesa.»
José Riço Direitinho, Público, Ípsilon




O livro: A capa mostra-nos uma janela vermelha com a tabuleta indicando-nos o título. Podemos dizer que é uma capa simbólica afinal uma livraria acaba por ser uma janela para o mundo.

Temas: perseguição de um sonho, incompreensão, resignação

Género/público: romance

Personagens favoritas: Gostei muito da maneira como as personagens foram descritas, a autora permite-nos desde logo com as suas observações manifestar de imediato algum sentimento para com a personagem, por exemplo empatia por Florence ou desagrado por Mrs. Gamart.  

Escrita: Aborrecida, rápida e pouco linear. Aborrecida pelo mesmo tom que mantém, rápida nos momentos em que deveria ser mais descritiva, os personagens, os conflitos as descrições dos locais deviam ser mais detalhados.

História:
Tenho que dizer que gostei e não gostei do livro, fiquei muito decepcionada com o fim, no entanto, dá-nos uma lição de que por vezes por muito que tentemos o melhor é mesmo andar para a frente.
Admito que pensei que este livro seria como ter uma espécie de déjà vu, no entanto ficou longe disso, a protagonista Florence Green deixa muito a desejar comparando-a com a protagonista de Chocolate, de Joanne Harris. Florence não tenta cativar os habitantes da pequena vila com a ideia da sua livraria, aliás logo de início vimos que ela está pronta para a guerra e não para as tréguas.

Florence permitiu que o seu negócio falhasse porque não soube lutar e conquistar a pequena vila, fazendo aliados. Como heroína achei-a um pouco insípida e desligada, faltava-lhe a paixão pela defesa da sua causa. Um bom exemplo desta paixão foi a personagem de Christine, com a defesa do seu sistema de senhas. A pequena assistente acabará por ser o elemento mais interessante do elenco de personagens apresentadas.

A grande adversária de Florence será Mrs. Violet Gamart, uma das pessoas mais importantes da pequena vila e que quer transformar a recente livraria e casa de Florence num Centro de Artes. A casa velha designada por Old House, e com um “fantasma” designado no livro por “rapper” é disputada pelas duas mulheres.
Para melhorar as suas vendas e depois de uns meses sem lucro algum, Florence decide-se a colocar a livro, na altura polémico, Lolita de Nabokov à venda como aconselhado por um habitante da vila, quase eremita, pois quase nunca saia de casa, Mr. Brundish, ele próprio dizia a Florence era que as mentalidades das pessoas não lhes permitiria compreenderem o livro. Os lucros de Florence sobem e quando parece que a livraria vai no bom caminho eis que Mrs. Gamart põe em prática um plano para encerrar a livraria, já que achava que Hardborough necessitava mais de um centro de artes do que propriamente uma livraria… e Florence Green abdica do seu sonho, dos seus livros e daquela vila hostil e onde foi infeliz.

Florence ainda resiste contra aquela ideia, afinal ela só queria levar os livros às pessoas, partilhar um pouco do seu gosto, e luta contra Mrs. Gamart. Todavia a batalha do livro é maior que uma simples luta pelo espaço, por Old House. Penso ser também uma luta mais simbólica, de velhos valores, tacanhos e retrógrados vs a mudança, a inovação e o conhecimento/esclarecimento. Mrs. Gamart com ajuda de Milo e do seu sobrinho que está no Parlamento vai levar a sua avante e levar a sua avante, pondo fim ao sonho de Florence.
Achei o fim da narrativa um pouco abrupta e triste, é raro encontrar um livro com um final que não deixe uma réstia de esperança, de luz no futuro da personagem principal, no entanto é assim que este termina, sombrio e pesaroso. Talvez quem sabe a autora nos dê a conhecer a vida de Florence pós Hardborough.

Citações favoritas:
“Um bom livro é o precioso sangue vital de um espírito mestre, embalsamado e entesourado de propósito para uma vida para lá da vida, e como tal deverá seguramente ser um bem de primeira necessidade”.

Período de Leitura: 09-10-2014

Nota:






Editora:


1 comentário:

  1. Olá!

    Quando vi este livro fiquei logo entusiasmada. Mas quando vi a opinião...mudei um pouco de ideias.
    Quem sabe dou-lhe uma oportunidade!

    Boas leituras!

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