03/04/2021

Leituras 2021: Meu amor, meu segredo, Julie Cohen


Para o desafio do mês de Março, precisava de um livro com um animal na capa e vendo o que cá tinha decidi-me por este. Esta foi uma opinião difícil de escrever sem evitar spoilers, por isso sugiro a quem quer ler que não passe destas primeiras linhas, isto porque preciso muito de desabafar! É um livro que li e de que preciso muito de falar. Porque fiquei muito chateada, mesmo muito com o final! Até me sinto algo ludibriada ou mesmo manipulada pela autora. Pensava que era um livro sobre uma história de amor, mas acaba por ser uma história com um final chocante que me chateou bastante!

A maneira de contar a história é algo invulgar, começamos do presente para o passado, mas no final apercebemo-nos que não poderia ser contada de outra maneira pois, aí está, estragaria o final. Assim sendo não fazia sentido ser contada de outra maneira. Inicialmente parece uma bela história de amor, algo trágica, com muitas adversidades, vemos os efeitos que uma doença como o alzheimer pode causar, sentimos pena pelo protagonista e criamos logo empatia pois achamos que o mesmo está a rememorar a sua vida, antes de se esquecer de vez! Desenganem-se... aqui começa a trama, adensa-se o mistério e começamos a ser conduzidos pelo caminho que a autora deseja, o da pena, admiração, altruísmo, o sacrifício pelo outro... a história de amor que teve o final feliz, o casal a ultrapassar as dificuldades e a ter a família perfeita!

O enredo continua e cada vez mais o mistério fica complicado, será que foram julgados pela traição, por ocultarem algo em relação ao filho mais novo que levou a família a julgar e a afastarem-se do casal? Ficamos a pensar que família é pouco unida... o que leva a uma maior cumplicidade e aproximação do casal, fazendo-os procurar uma nova comunidade, para não serem reconhecidos e julgados pelos seus erros. 

Mas não!! Eles foram julgados pelo segredo, por optarem mesmo seguir em frente face ao mesmo, por optarem por seguir em frente quando os seus atos vão contra aquilo que é aceitável, por optarem viver a sua história de amor contra tudo e todos... muito guerra dos tronos, muito Cersei e Jaime... não consigo aceitar que se tenha passado assim.

Porque fiquei então chateada? Porque me coloquei do lado do casal, porque senti alegria pelo reencontro, tristeza pela família lhes virar as costas, orgulho por ultrapassarem as dificuldades e no final depois de todos estes sentimentos, tive que lidar com a desilusão deste final chocante!! O livro é lindo até que chega à parte em que nos é revelado o segredo e aí há que lidar com a desilusão e frustração...





Leituras 2021: Uma mulher em fuga, Lesley Pearse


Novamente Lesley Pearse nos dá a conhecer uma história de uma mulher forte, que a custo sobrevive a acontecimentos dramáticos até que por fim encontra paz e alegria junto do homem que estava destinada a amar.

Rosie, uma pequena menina de 8 anos, com uma família disfuncional, tenta cuidar da casa e dos homens da mesma, o seu pai e dois meios irmãos de um relacionamento anterior do pai. No entanto, o pai decide levar para casa Heather, que se assume como o mais próximo de uma figura materna que Rosie irá conhecer, até ao dia em que ela desaparece e a abandona assim como ao seu irmãozinho mais novo, Alan. Rosie vê algo, que só anos mais tarde quando o irmão de Heather, Thomas regressado da guerra, a fazem pensar que o misterioso desaparecimento tem algo a ver com um dos seus odiosos meios irmãos.

Numa reviravolta do destino, Rosie e Alan são levados, e os irmãos e o pai presos, um deles consegue fugir e o pai e outro irmão vão a julgamento como assassinos, responsáveis pelas mortes de duas das mulheres de Cole, o pai de Rosie. Rosie, assume uma nova identidade, para se desligar daquele trauma e não ser associada à família, e com esta nova identidade, após ter permanecido com uma família que a auxiliou, vai trabalhar num hospício. E aqui novamente vemos a reviravolta que a sua vida dará. Rosie cuida de pacientes com acessos vilpolentos, outros que não falam, outros que têm alguns problemas cognitivos, como Donald. No entanto Rosie, vai trabalhar com ele e ambos descobrem que têm uma paixão comum, a jardinagem, e essa paixão permitirá a ambos, a liberdade e uma vida diferente para ambos.

 Ainda que a sombra do passado de Rosie paire por cima da sua cabeça, nesta fase da sua vida, Rosie vive uma vida normal, com a família de Donald, que com a sua ajuda, se integrou na vida familiar, na comunidade e tem o seu negócio de jardinagem. Tem um namoro que vemos que não vai dar em nada, pois o seu destino foi traçado há muito, naquela tarde em que conheceu Thomas. Pena que a sua história não tenha sido mais bem explorada e que só tenhamos tido alguns vislumbres do seu passado.

A narrativa está bem conseguida, mas para mim um pouco arrastada e depois o final acaba por ser um pouco apressado, a meu ver. Considero que a história está muito bem conseguida, e que a autora nunca nos desilude.



02/04/2021

Leituras 2021: O carteiro de Auschwitz, Joe Rosenblum


O mercado português está, neste momento saturado de livros sobre este tema, o Holocausto em si, os seus sobreviventes, as suas histórias, romances, relatos verídicos e histórias mais ou menos bens construídas. O nosso papel enquanto leitores é, na minha modesta opinião, saber escolher os livros certos. Eliminar da lista aqueles somente para promover o autor, sem o devido rigor, sem o devido respeito pelo tema e talvez com quase exclusivo propósito o lucro e/ou a auto-promoção!

Eu leio muito sobre este tema, gosto de histórias que me dão a conhecer factos reais, mas que se apresentam às vezes, e porque não, numa história bem contada e que nos toca. Afinal não é esse o propósito de um autor? Contar histórias que permaneçam nos seus leitores? Que possam ser recontadas e nunca esquecidas? 

E foi o que este livro nos contou, uma história, a de Joe, dos acontecimentos trágicos que o marcarem e à sua família judia na Polónia aquando da invasão da Alemanha. A história que Joe nos conta retrata a convivência diária com a morte, com os abusos, com a perda de recursos, a perda e separação das famílias e o constante terror de ser executado ou enviado para um campo de concentração. 

Joe dá-nos a conhecer duas realidades quase paralelas, a dos gentios e a dos judeus. Os gentios os habitantes locais não judeus, com a fisionomia ariana, não sofriam abusos, mas tinham de servir os alemães, cultivar comida, criar gado e suprir as necessidades das tropas alemãs Mas os judeus eram sacrificados, maltratados, abusados e condenados aos trabalhos mais duros sem condições nenhumas e a juntar a isto quase nenhuma comida. Joe passando por gentio, sobrevive, com a conivência de uma família polaca, a trabalhar numa quinta, e desta forma conseguia trazer comida para a família, que ia resistindo numa casa na quinta que tinham.

Não bastando esta realidade dura, Joe ajuda ainda a resistência russa, contrabandeando comida, ajudando a colectar armas e a tentar sobreviver, até ao dia que é apanhado e enviado para um campo de concentração. Se as descrições foram duras e penosas até aqui, deixem-me contar que a realidade retratada por Joe no campo de concentração é dura, chocante, o que ele fez para sobreviver, o que ele comeu... pomo-nos a pensar como foi possível tamanha crueldade, como é que um ser humano pode tratar o outro assim.

Joe dizia que sobreviveu porque estava sempre ocupado, mantinha-se o mais asseado possível, aproveitou as oportunidades que apareceram e claro teve alguma dose de sorte, pois algumas vezes a morte passou-lhe ao lado... não consigo conceber como alguém sobrevive a isto e fica inteiro. Como é que a pessoa volta a confiar, a viver e não somente sobrevive ao dia a dia. Joe sobreviveu, viveu e conseguiu ser feliz. Coloca este passado arrepiante, a dor e as mortes a que assistiu sob a forma de um livro. E porquê? Para que nunca nos esqueçamos, para que a família e todos os que não puderam contar a sua história não fossem esquecidos e, quem sabe, para que pudéssemos ajudá-lo a carregar o peso das suas memórias.

Não é um livro fácil de ler, mas é um livro que deve ser lido, ler é viver e viver é não esquecer!


Leituras 2021: Segredos Mortais, Robert Bryndza


Aqui estou no último volume desta série magnífica. E que série fantástica! Neste para já, último volume, deparamo-nos com um crime grotesco cometido contra Marissa, uma bailarina bastante reputada de espectáculos  burlescos. Como habitual, o assassino, é uma figura misteriosa, desta feita, que se apresenta como alguém vestido de negro e que usa uma máscara de gás. À medida que Erika começa a investigar, começa a interligar vários crimes cometidos anteriormente.

Este livro para mim apresenta uma trama mais densa e misteriosa e impõe um ritmo de leitura rápida, pois neste livro só no fim sabemos quem é o verdadeiro assassino. Ao mesmo tempo acompanhamos Erika que a par com a investigação está a lidar com alguns problemas familiares que tenta resolver.

A investigação decorre, e num ritmo quase frenético, onde as pistas se interligam e condizem a polícia ao verdadeiro assassino. Mas o final foi algo surpreendente, eu não estava à espera que fosse assim, e isto leva-me a dizer que foi, na minha opinião, o melhor enredo de Bryndza.

Não me alongo mais na opinião, estou desejosa pelo próximo volume e em saber qual foi o destino de Erika Foster e se ainda a espera o final feliz que ela merece, e que nós os fãs almejamos!