14/11/2020

Leituras 2020: A casa das meninas indesejadas



 Título: A Casa das Meninas Indesejadas 
Autor: Joanna Goodman 
Editor: Edições Asa 
N.º de Páginas: 384 
Sinopse: Aos 16 anos, Maggie Hughes faz algo imperdoável aos olhos da família: apaixona-se e engravida. O nome do rapaz é Gabriel e a relação de ambos é proibida. A bebé vai chamar-se Elodie e não conhecerá o amor dos pais. Em vez disso, é enviada para um orfanato miserável, onde cresce sem saber o que é ter um lar e uma família. E quando uma lei atribui mais dinheiro aos hospitais psiquiátricos do que aos orfanatos, a situação de Elodie piora dramaticamente. Juntamente com milhares de outros órfãos, é declarada atrasada mental. O orfanato transforma-se num hospital onde as crianças são submetidas a tratamentos para doenças que não têm, as janelas estão cobertas por grades e as aulas são substituídas por trabalho pesado. Maggie, entretanto, faz os possíveis por ter uma vida normal. Mas não consegue esquecer a bebé que foi forçada a abandonar. Após um encontro inesperado com Gabriel, que faz ressurgir memórias avassaladoras do passado, ela decide enfrentar a sua perda. E começa então uma busca desenfreada pela sua menina e pela vida que lhes foi negada… Joanna Goodman baseou-se em factos reais e na história da sua família para escrever A Casa das Meninas Indesejadas. Um romance que relata um momento negro da História e que é universal na abordagem aos laços indestrutíveis que unem mães e filhas.

 Este é um livro de temas fortes, de rejeição, de problemas culturais, de violação, dos segredos de família, da moralidade acima de tudo. Das mudanças profundas na política do Canadá, dos atentados e da rivalidade entre os descendentes ingleses e franceses.

Maggie com 16 anos mantém uma história de amor com um rapaz pobre, sem futuro, católico e de origem francesa, inadequado aos olhos do pai que almeja grandes coisas para ela. Apaixonada vê-se no entanto enviada para a quinta dos seus tios e mesmo assim o amor resiste... até que Maggie é atacada pelo tio e engravida. Sem saber o que fazer confia na família que a obriga a dar o bebé para adoção, uma pequena menina chamada Elodie.

Maggie não desiste de procurar a sua filha, casa, tenta ter filhos com o marido, mas será com Gabriel que terá novamente a possibilidade de ser feliz mas sempre com a sua filha no pensamento.

Já Elodie vive uma vida de horrores, num orfanato convertido em hospital psiquiátrico, tratada como incapaz, sujeita a maus tratos, quase violada por um enfermeiro. A sua vida é pejada de histórias de horrores abafada com um comprimido de dormir à noite para não incomodar as freiras.

 A autora criou um livro com uma escrita simples, mas com momentos de nós tirar o fôlego e decanos levar às lágrimas, tanta crueldade com tratamentos médicos desnecessários, experiências científicas com mais resultados. Tanta  maldade, tanto ódio, como podiam os representantes de Deus agirem assim? A história ainda fica mais cruel quando se percebe que as crianças eram também vendidas após serem retiradas às jovens mães. E as que ficaram tiveram a triste sorte de se tornarem incapazes ou quase escravizadas... 

Elodie sobreviveu para contar a sua história, a sua vida numa instituição mental que anteriormente tinha sido um orfanato, convertida pois era mais rentável financeiramente. Um retrato muito negro das instituições católicas e dos seus representantes. Uma comovente história de encontros, desencontros e de um final feliz, cheio de mágoa, de alegria e de perdão. Recomendo a leitura deste livro pois é uma história de superação e resiliência. 



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