As leituras vão indo, mas as opiniões tardam em chegar ao blog, a preguiça, as férias... vamos ver se entro no ritmo e se coloco tudo em dia!
Título Original: A Sombra do Vento
Autor: Carlos Ruiz Zafón
Editora: Dom Quixote
Número de Páginas: 400
Publicado
em: 2001
Género: Ficção, Mistério
Numa manhã de 1945 um rapaz é conduzido pelo pai a um lugar misterioso,
oculto no coração da cidade velha: o Cemitério dos Livros Esquecidos. Aí,
Daniel Sempere encontra um livro maldito que muda o rumo da sua vida e o
arrasta para um labirinto de intrigas e segredos enterrados na alma obscura de
Barcelona. Juntando as técnicas do relato de intriga e suspense, o romance
histórico e a comédia de costumes, "A Sombra do Vento" é sobretudo
uma trágica história de amor cujo o eco se projecta através do tempo. Com uma
grande força narrativa, o autor entrelaça tramas e enigmas ao modo de bonecas
russas num inesquecível relato sobre os segredos do coração e o feitiço dos
livros, numa intriga que se mantém até à última página.
Excerto
"Ainda me
lembro daquele amanhecer em que o meu pai me levou pela primeira vez a visitar
o cemitério dos Livros Esquecidos. Desfiavam-se os primeiros dias do Verão de
1945 e caminhávamos pelas ruas de uma Barcelona apanhada sob céus de cinza e um
sol de vapor que se derramava sobre a Rambla de Santa Mónica numa grinalda de
cobre líquido.
- Não podes contar a ninguém aquilo que vais ver hoje, Daniel - advertiu o meu pai. - Nem ao teu amigo Tomás. A ninguém."
- Não podes contar a ninguém aquilo que vais ver hoje, Daniel - advertiu o meu pai. - Nem ao teu amigo Tomás. A ninguém."
http://www.wook.pt/ficha/a-sombra-do-vento/a/id/70426
Opinião
Ouvi falar muito deste livro, depois de
várias recomendações decidi começar por este livro do autor. Tenho os livros
todos do autor em formato ebook e decidi tentar nas pausas do trabalho. O
problema? As pausas eram muito curtas…
Adorei o ritmo da narrativa, as
descrições, as relações entre as personagens, e acima de tudo achei muito
original a ideia de que algures no mundo há um lugar que preserva os livros para
as gerações vindouras. A ideia não é de todo nova, acontece a todos os leitores
quando gostam de um livro. Quando gostamos de um autor, estimamos o livro que
lemos, não nos queremos desfazer dele e vamos à procura de mais: livros,
informações sobre o autor, etc. E é assim que começa a senda de Daniel. Qual
dom Quixote, tem o seu ajudante em Fermin, um perito em obter informações,
ajudado pela sua incrível lábia.
Daniel não sabe, mas desde que entra no
cemitério dos livros perdidos, situado algures na cinzenta Barcelona no início
do século XX, o seu destino vai mudar irremediavelmente. Muito diferente
daquele que provavelmente o seu pai teria idealizado para ele. Ao invés de uma
vivência tranquila, Daniel acaba por seguir, de certa forma, os passos de
Julian Carax, vivendo uma história de amor “escondida” do seu melhor amigo e
sendo perseguido pelo velho inimigo de Carax, o inspetor Fumero.
Apreciei a forma como foi
colocado o foco na leitura e o que os livros são para uns e para outros, há
quem os proteja, há quem os queira destruir, há quem não passe sem ler e há
aqueles que acham que, como dizia o Fumero: “Ler é para as pessoas que têm muito tempo e
nada para fazer. Como as mulheres. Quem tem que trabalhar não tem tempo para
histórias. Na vida é preciso trabalhar. Não concorda?”. Como ele se
engana, ler é um exercício da mente, que nos leva a recantos que por vezes em
sonhamos. Um livro difícil de deixar e quando acabou ficou a vontade de reler umas
quantas vezes, para reler as histórias dentro das histórias, na atmosfera
sombria, cinzenta, misteriosa em que todas as coisas acontecem…
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