01/09/2014

Leituras de Junho: A Sombra do Vento, Carlos Ruiz Zafón

As leituras vão indo, mas as opiniões tardam em chegar ao blog, a preguiça, as férias... vamos ver se entro no ritmo e se coloco tudo em dia!

Título Original: A Sombra do Vento
Autor: Carlos Ruiz Zafón
Editora: Dom Quixote
Número de Páginas: 400
Publicado em: 2001
Género: Ficção, Mistério


Sinopse:
Numa manhã de 1945 um rapaz é conduzido pelo pai a um lugar misterioso, oculto no coração da cidade velha: o Cemitério dos Livros Esquecidos. Aí, Daniel Sempere encontra um livro maldito que muda o rumo da sua vida e o arrasta para um labirinto de intrigas e segredos enterrados na alma obscura de Barcelona. Juntando as técnicas do relato de intriga e suspense, o romance histórico e a comédia de costumes, "A Sombra do Vento" é sobretudo uma trágica história de amor cujo o eco se projecta através do tempo. Com uma grande força narrativa, o autor entrelaça tramas e enigmas ao modo de bonecas russas num inesquecível relato sobre os segredos do coração e o feitiço dos livros, numa intriga que se mantém até à última página.
Excerto
"Ainda me lembro daquele amanhecer em que o meu pai me levou pela primeira vez a visitar o cemitério dos Livros Esquecidos. Desfiavam-se os primeiros dias do Verão de 1945 e caminhávamos pelas ruas de uma Barcelona apanhada sob céus de cinza e um sol de vapor que se derramava sobre a Rambla de Santa Mónica numa grinalda de cobre líquido.
- Não podes contar a ninguém aquilo que vais ver hoje, Daniel - advertiu o meu pai. - Nem ao teu amigo Tomás. A ninguém."
http://www.wook.pt/ficha/a-sombra-do-vento/a/id/70426

Opinião
Ouvi falar muito deste livro, depois de várias recomendações decidi começar por este livro do autor. Tenho os livros todos do autor em formato ebook e decidi tentar nas pausas do trabalho. O problema? As pausas eram muito curtas…

Adorei o ritmo da narrativa, as descrições, as relações entre as personagens, e acima de tudo achei muito original a ideia de que algures no mundo há um lugar que preserva os livros para as gerações vindouras. A ideia não é de todo nova, acontece a todos os leitores quando gostam de um livro. Quando gostamos de um autor, estimamos o livro que lemos, não nos queremos desfazer dele e vamos à procura de mais: livros, informações sobre o autor, etc. E é assim que começa a senda de Daniel. Qual dom Quixote, tem o seu ajudante em Fermin, um perito em obter informações, ajudado pela sua incrível lábia.

Daniel não sabe, mas desde que entra no cemitério dos livros perdidos, situado algures na cinzenta Barcelona no início do século XX, o seu destino vai mudar irremediavelmente. Muito diferente daquele que provavelmente o seu pai teria idealizado para ele. Ao invés de uma vivência tranquila, Daniel acaba por seguir, de certa forma, os passos de Julian Carax, vivendo uma história de amor “escondida” do seu melhor amigo e sendo perseguido pelo velho inimigo de Carax, o inspetor Fumero.

Apreciei a forma como foi colocado o foco na leitura e o que os livros são para uns e para outros, há quem os proteja, há quem os queira destruir, há quem não passe sem ler e há aqueles que acham que, como dizia o Fumero: “Ler é para as pessoas que têm muito tempo e nada para fazer. Como as mulheres. Quem tem que trabalhar não tem tempo para histórias. Na vida é preciso trabalhar. Não concorda?”. Como ele se engana, ler é um exercício da mente, que nos leva a recantos que por vezes em sonhamos. Um livro difícil de deixar e quando acabou ficou a vontade de reler umas quantas vezes, para reler as histórias dentro das histórias, na atmosfera sombria, cinzenta, misteriosa em que todas as coisas acontecem…

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